terça-feira, 30 de agosto de 2011

Naftalina e armários

Hoje me ligou um amigo dos tempos de faculdade.

Logo de início não consegui identificar de quem era a voz. Pedi para que se identificasse e, num ato falho, ele disse em alto e bom tom:
- Porra! É o Nafitão!!!

Senti seu súbito silêncio do outro lado da linha e já imaginei...o cara está no trabalho e teve que gritar seu apelido de faculdade. O povo todo que estava ao seu lado não tinha a mínima noção de que o chefe era conhecido no sub-mundo por um apelido ridículo destes...!!!

Logo vieram as gargalhadas de fundo o que só fez aumentar o silêncio do Nafitão.

Passados os instantes iniciais, ele em tom bem-humorado, pediu para que eu explicasse a origem do apelido aos seus colegas.
Ao invés de falar no viva-voz, combinei que escreveria neste blog a origem de tudo.

Caro Nafi, aí vai:

Lá pelos idos de 1988 numa segunda-feira encardida da noite paulistana, nevoenta e úmida, lá pelas 22h00 entramos em nossa primeira aula de Química Tecnológica.
Era no último andar da FESP (prédio do Sacre Coeur nos Jardins) em um conjunto de salas adpatadas que provavelmente eram o claustro das freiras de outrora (aquelas que o Maluf tocava piano e beliscava a bunda nas horas vagas..).
Digo adaptadas pois os armários para guardar a vidraria do laboratório foram construídos pelo lado de fora da sala fazendo com que a porta de entrada do lab ficasse no mesmo plano das portas destes armários adaptados.
A particularidade era que as portas dos armários eram idênticas à porta de entrada da sala!
Deve ter sido sobra de alguma obra que o maldito Américo (o dono da faculdade, que o Diabo o tenha!) guardou pra usar depois...
Bem, voltando ao assunto.
Lá pelas 22h45, toda a bicharada de saco cheio e o professor sem dar sinais de diminuir o ritmo, o O.O. da Silva resolve que na primeira virada de costas do professor, irá escapar pela porta sorrateiramente sem fazer o mínimo ruído.
Guarda sua HP28-S e seus blocos de notas na mala de couro, pega a chave do seu UNO enfia no bolso, e espera para dar o bote.
O professor vira para a lousa.
O OOSilva junta tudo e, num rompante de agilidade e sorrateirismo, pula pra porta e abre.
Deu armário.
Abre a segunda. Armário de novo, tenta na terceira, na quarta e na quinta. Mais armários...
CARALHO!!! Qual é a porta! São todas idênticas!

Nisto vira o professor, que já estava olhando e se mijando de rir desde a segunda tentativa diz incentivando:
-Vamos lá! Mais uma! Olha aí pessoal, o cara parece uma naftalina rolando nos armários!

Pois é.
Ficou.
De C10H8, passou a Naftalina, depois ficou Nafitão e finalmente Nafi para os íntimos. 

Esta é a origem do estigma que meu amigo O.O.da Silva carrega até hoje.
"O homem que tentou fugir da aula e deu de cara com os armários e mais armários..."





PS: Levamos umas 4 aulas para decorar qual era a maldita porta que dava pro corredor!

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