quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sequência

Saio de casa às 4h30.
Táxi à espera, 22 minutos até o Campo Belo, sem trânsito nem faróis vermelhos na Bandeirantes.
Chego na casa do E. porém ele saiu para tomar café. Espero exatos 8 minutos.
Iniciamos a jornada até o Rio. São 5h05.
São Paulo com o trânsito dos sonhos de qualquer paulistano.
Paramos em Cachoeira Paulista para mais um café, adicione-se 12 minutos. Retornamos à estrada.
Chegamos no nosso destino às 10h15min. Graças ao GPS e á Maria, nos perdemos tentando achar a Nilo Peçanha no emaranhado de ruas e vielas (todas contra-mão) que é o centro da cidade maravilhosa.
Após 22 minutos de luta resolvemos parar onde der e ir à pé até o escritório da Petrobrás.
Fazemos nossa reunião em 15 minutos. Encontramos alguns conhecidos e amigos pelos corredores e perdemos algum tempo conversando.
Saímos de lá às 11h55min. Pegamos a linha vermelha e paramos no caminho para almoçar. Sanduíche de salsicha caseira com chucrute artesanal e mostarda holandesa. Muito bom!
Retornamos à Dutra. após a serra, em Piraí, o E. resolve parar de novo. Desta vez no Fritz.
Toma um café e após 6 minutos retornamos à Dutra.
Ao iniciarmos a marcha de volta a SP no quilômetro 277 a leve neblina se torna momentaneamente uma garoa forte. Questão de uns 30 segundos de chuva fina, não mais que isso. Bastou.
Exatamente às 14h23min, todo o óleo diesel que os caminhões, de tanque cheio em função do início da jornada da Dutra rumo a SP deixam nesta curva pelo "ladrão", sobem à tona do asfalto em função da chuva sem força para levá-lo ao acostamento. Poças de óleo com água se formam nestes segundos de chuva, neste exato e fatídico horário.

Entramos na curva com nosso samurai sobre rodas, e como um samurai ensandecido e cego pela batalha, este perde o controle e começa a rodar na pista desferindo seus golpes à esmo.
O samurai descontrolado não atinge sequer um oponente. Estes haviam abandonado o campo de batalhas naquele exato momento. Nenhum sequer, carro ou caminhão, mureta ou guard-rail.
Pudemos executar toda a nossa coreografia com a pista desobstruída, tendo como testemunha somente a garoa que ainda caia e a mata fechada ao nosso lado.
Nós dentro do carro sentimos a paisagem mudar num piscar de olhos. A pista se torna mata, que se torna pista que volta a ser mata até que a visão é interrompida pelo air-bag que se abre.
Um tranco.
Subimos a mureta após o acostamento.
Plano ou barranco? Para cima ou para baixo? Tomara que seja para baixo. Muitos metros ou poucos metros? Espero que poucos.
Tudo continua rodando em espiral descendente.
O samurai sucumbe à batalha e vai parando lentamente. A fumaça do vapor do radiador invade o habitáculo.
Caímos na vala com nosso samurai já mutilado e completamente morto. 3 metros aproximadamente.
Graças ao Dô, saímos incólumes. O espírito oriental de perseguir a perfeição, seja lá qual for a arte. Bushido, Shodô, Txaidô, Sumiê, desenho de cintos de segurança-dô ou perfeição dos sistemas de controle do air-bag-dô, não importa. O que importa é que o resultado foi satisfatrio. Mais que isso, garantiu que eu estivesse aqui hoje refletindo sobre o ocorrido.

...
Acordo atrasado.
Táxi demora 2 minutos para chegar.
Trânsito na Bandeirantes.
Um semáforo vermelho ao invés de verde.
O E. não foi tomar o primeiro café.
Ao invés de Cachoeira Paulista, fosse Queluz.
GPS + Maria acertam o endereço de primeira.
Reunião mais cedo ou mais tarde.
Garçon trouxesse os sanduíches mais cedo e a conta mais rápido.
Um caminhão na serra nos obrigando a diminuir a marcha.
O Fritz não tivesse café...

Teríamos passado a fatídica curva antes da garoa ou depois.

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