sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Tolerância Zero

Meus Caros,
Desde criança me perguntava porque as pessoas mais velhas não tinham paciência comigo. Porque se irritavam com minhas perguntas e questionamentos? Porque eu não podia parar no meio de uma caminhada com meu pai, por exemplo, para observar algo curioso ou interessante (aos meus olhos de menino)?
Hoje, parando para refletir, eu entendo, mesmo que parcialmente, o que vai na cabeça das pessoas mais velhas (me incluindo nesta lista).
É o "senso de urgência". A sensação de que a vida vai acabar e ficarão muitas coisas para fazer, que não teremos tempo suficiente para viver tudo o que podíamos.
Por isso vemos velhos (e jovens também) rabugentos e ranzinzas. Incapazes de um gesto de gentileza, de ceder um lugar em uma fila ou dar passagem para alguém mais apressado ou ainda se manter na sua pista com seu automóvel esperando que o trânsito ande novamente...
Volta e meia me sinto assim também, mas por ter vivenciado isso desde muito cedo, me policio constantemente para não cometer os mesmos erros.
Procuro (confesso que sem sucesso às vezes - na verdade a grande maioria das vezes...) esperar o tempo dos que estão comigo. Dar tempo ao tempo. Saber respeitar a mecânica da Natureza.

Minha mãe, hoje com 87 anos, certa vez foi ao banco para requerer seu CPF. Entrou comigo na fila regular e ficou em pé, esperando a vez. Uma atendente, muito solícita, veio informá-la que ela poderia passar à frente de todos e ter o atendimento prioritário. Ela olhou bem para a garota e disparou com toda a sua calma que lhe é peculiar: "Querida, estou viva, com boa saúde, não tenho absolutamente nada para fazer hoje, porque eu haveria de querer passar na frente de todo mundo que muito provavelmente têm milhares de coisas para fazer ainda esta tarde?!"

Relembrando este episódio, quero crer a chegada de um dia, para todos nós, onde este senso de urgência, perderá o seu sentido e voltaremos a "perder" tempo em uma caminhada para observar algo curioso ou interessante...

Nenhum comentário:

Postar um comentário